domingo, 19 de fevereiro de 2012

From Stockholm - IV

12 de Janeiro de 2012

A segunda semana por terras do norte também correu muito bem, eu continuei no departamento do thorax e acompanhei a mesma equipa com que estive na primeira semana, a grande diferença é que já me viam como parte do grupo e a minha participação e ajuda foram sempre bem-vindas e necessárias. Um dos momentos mais engraçados e marcantes destes dias de trabalho foi o tratamento que fizemos a uma senhora na UCI. A senhora não sabia falar inglês mas simpatizou muito com a minha presença e queria falar comigo então disse às terapeutas que só sabia dizer uma coisa em inglês, virou-se para mim e disse “I love you”. Durante todo o tratamento e sempre que eu entrava no campo de visão da senhora ela repetia “I love you” “I love you”, eu e as terapeutas estávamos todos derretidos e muito divertidos com a espontaneidade da situação. Apesar de saber que a senhora só me estava a dizer aquilo por falta de vocabulário eu senti mesmo que ela estava contente por ali estarmos, então passei o tratamento a dizer “thank you that is so kind of you”.

Durante a semana a rotina foi muito constante, ir trabalhar das 8h às 16h ou um pouco menos, dar uma voltinha no centro da cidade e depois vir para a casinha, fazer o jantar e dormir, eu continuo é com um problema, das 8h às 9h ou 9:30h eles só tomam café e fazem uma grande pausa, eu só me pergunto, porque é que não dizem que começam às 9h? Acordo cedo e fico uma hora e meia a beber café.

Durante o fim-de-semana tínhamos planeado visitar um museu e andar nos “teleféricos” que sobem a ericsson globe arena, o maior edifício esférico do mundo. No sábado fomos ao museu nacional de história natural, adorámos, o museu está muito bem feito, tinha muitas exposições e todas elas muito interessantes. Desde animais nórdicos, ao fundo dos mares, ao corpo humano, à pré-história, a pedras incríveis até animais robots e a vida animal na Antárctida vimos um pouco de tudo. É um daqueles museus que vale mesmo o preço a viagem e o tempo que lá se passa, a única coisa menos positiva foi o facto de eu ter perdido o meu gorro. No domingo fomos até à ericsson globe arena para ver a vista do topo, no entanto assim que lá chegámos reparámos que era dia de jogo de Hóquei, como sabíamos que os bilhetes eram caros não íamos com intenção de ver o jogo. Assim que chegámos um senhor que trabalhava na arena aconselhou-nos a ver o jogo, fomos para as bilheteiras só mesmo para saber de preços, o bilhete mais barato rondava os 23 € mas como a senhora da bilheteira reparou que eramos estrangeiros e não fazíamos ideia do que se estava a passar fez-nos uma promoção e vendeu-nos dois bilhetes pelo preço de um, ficámos muito animados e comprámos logo os bilhetes.

Todo o ambiente do jogo foi algo completamente novo para nós, adorámos a experiencia e ver um jogo tão típico dos países nórdicos ao vivo, a Suécia ganhou 3 -1 contra a Finlândia, também reparámos que um terço do jogo é violência pura e dura, a pancadaria é quase tão frequente como os intervalos.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

From Stockholm - III


1 de Janeiro de 2012

No primeiro dia em que cheguei ao hospital de Solna fui muito bem recebido pela chefe do departamento torácico no Karolinska University Hospital, estivemos um dia inteiro juntos onde me foi dada muita informação e material para que a minha estadia na equipa corresse muito bem.

Todos foram tão simpáticos e atenciosos comigo que eu nem sabia como reagir a tanta preocupação e atenção, eu era quase uma nova atracção, já todos sabiam quem eu era e em que dias é que eu iria trabalhar com eles. Eu vou estar durante 6 semanas no departamento de Medicina torácica do hospital, este departamento tem muitas valências e diversas formas de intervenção, eu vou passar por algumas delas. Os dois hospitais que trabalham directamente com a universidade dão emprego a mais de 200 fisioterapeutas. Só por curiosidade Sjukgymnaster é fisioterapeuta em sueco e pronunciar é mesmo muito difícil. informação e material para que a minha estadia na equipa corre-se muito bem.

A primeira coisa que me deixou completamente incrédulo foi o facto de todos os departamentos terem uma sala de pessoal espantosa, nesta sala os terapeutas podem beber café e comer algo pela manhã, beber algum café a meio da manhã, beber algum café e almoçar, beber café depois de almoço e beber café de tarde, é verdade eles são doidos por café e pequenas pausas ao longo do dia (chamadas de Fika time, qualquer momento é oportuno para um Fika), mesmo assim a sala é muito boa e equipada com 5 micro-ondas, 2 frigoríficos, máquinas de café (claro) e maquinas de lavar. Estou a trabalhar das 8h até às 16h mas a primeira hora é inteiramente dedicada ao Fika, onde como e bebo café como um monarca.

Agora encontro-me num departamento que se chama thorax, somos um grupo de 9 fisioterapeutas divididos em diversas valências dentro desta área. Numa primeira fase estou na secção de cirurgia venosa, para a semana vou estar no departamento de cirurgia torácica e cuidados intensivos, ainda dentro deste departamento de Thorax, que já me confirmaram ser uma área mais técnica.

As temperaturas estão a baixar e já estivemos nos -19º.


Durante o fim-de-semana fomos ao vasa museet, um museu inteiramente dedicado a um barco que naufragou em 1626 (o Vasa) e foi recuperado 333 depois do seu naufrágio. O museu é muito bom, o estado de conservação das coisas é impressionante, é sem

Para além do barco o museu tem diversos utensílios, roupas moedas, e materiais utilizados pelos marinheiros, a razão do naufrágio é um mistério e por causa disso ninguém foi condenado. A verdade é que o Vasa nunca chegou a navegar em alto mar, foi a costa de Estocolmo que o envolveu durante 333 anos.

O povo começou logo a especular as razões que levaram o navio para as profundezas - Was it the wrath of God or the malice of Poland? - Was t
dúvida uma das grandes atracções da cidade.
he crew drunk or was the Vasa wrongly built? - the town was alíve with rumours.
(hoje em diao dedo é apontado à construção, devido ao facto de o Vasa ter sido construído com uma altura demasiado grande para os conhecimentos de flutuação na altura.

O fim-de-semana só ficou completo quando, por volta da hora de almoço, nos aparecem alguns veados no jardim, são criaturas super elegantes e animaram o nosso dia.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Curiosidades - I



Tanto eu como a Márcia achámos bem criar uma categoria de curiosidades no blog, aqui são contados alguns pormenores do dia-a-dia ou do povo Sueco que achamos que têm de ser ditos.
1.A primeira coisa que reparámos quando chegámos ao nosso bairro foi que para além de grandes e bonitas as casas eram providas de muitas janelas, eles fazem isto para poder aproveitar a luz quase a 100%, o problema é que para isso não têm cortinas, dá para ver perfeitamente o interior e tudo o que se passa lá dentro. Soubemos também que eles prezam por privacidade e que não é costume alguém espreitar muito para as casas, é claro que nós estamos sempre a olhar para todas as casinhas que vamos vendo no caminho de casa. A nossa casa tem cortinas e estão sempre fechadas, não sabemos até que ponto eles acham isso estranho.

2.Outra coisa que é de referenciar nesta secção é o facto de a moeda de valor mais baixo deles ser a coroa e mesmo assim eles terem preços com valor intermédio, para remediar este problema eles arredondam todos os valores intermédios, passo a explicar: se alguma coisa tiver o valor de 5, 72 coroas a pessoa paga 6 coroas. (somos enganados e roubados)

3.Há dois mitos a ser denunciados nesta sociedade, o primeiro é o da beleza, é verdade que há mulheres muito bonitas e loirinhas e altinhas e bem feitinhas mas em geral não são as deusas que esperávamos. Ainda não encontrei nenhuma Sharapova. Os homens estão muitos níveis abaixo delas, no geral têm pior aparência. Depois eles têm algumas obsessões pela beleza, elas têm as sobrancelhas muito arranjadas e com um ar muito artificial e algumas apresentam um overmakeup resultando num tom cor de laranja muito falso, a Márcia para satirizar a situação diz que elas se pintam com Nutella. Eles têm um hairstyle muito arrojado e com muito gel em cima, o que mais me irritante é que quando tiram os gorros o cabelo continua penteado e no lugar eu tiro o gorro e fico todo desgrenhado. O segundo mito é o do civismo, eles não são nada amistosos no que se refere a contacto social, no metro são muito brutos, as palavras “desculpe” e “com licença” só se encontram mesmo no dicionário e quem leva o encontrão ou a pisadela é que se meteu onde não devia, no entanto são muito prestáveis e simpáticos quando os abordamos.


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

From Stockholm - II


30 de Janeiro de 2012

No nosso primeiro dia por terras do norte decidimos encontrar os hospitais onde ambos iremos trabalhar, é de notar que a Márcia tinha um encontro marcado com a sua coordenadora e eu ia por curiosidade e para fazer companhia.

Todos sabemos que os nórdicos têm fama de ser um povo muito civilizado e com uma rede de transportes muito boa e fiável, nós também pensávamos assim até esta manha termos ido apanhar o trem para o Hospital onde a márcia vai trabalhar.

Quando chegámos à estação reparámos que havia um ligeiro atraso em todos os trens, mas como todas as pessoas continuavam ali e não diziam nada nós ali ficámos. Passados uns minutos começámos a desconfiar que aquilo que a senhora do microfone dizia para os terminais não deveria de ser boa noticia, pouco a pouco as pessoas começavam a sair da estação. Cheios de dúvidas começámos a tentar pedir algumas informações. Podem não acreditar, nós sabemos que as probabilidades são muito pequenas, mas encontrámos um dos poucos Suecos que sabe falar Português, um senhor muito simpático que tinha vivido alguns anos no Brasil e que ainda tinha a nossa língua muito presente, com a sua ajuda soubemos que tinha havido um acidente e que nenhum trem iria passar pela estação nos próximos tempos.

A solução para chegarmos ao Hospital era um bus que nos deixava na mesma paragem a que o trem nos ia levar, como devem estar à espera a paragem estava completamente cheia, todas as pessoas que tinham perdido o transporte estavam a procurar alternativas, aqui é que começa a batalha, os suecos perderam todo o seu porte amistoso e viraram cavalos de guerra, sempre que aparecia um bus as tropas empurravam, puxavam e apertavam por todos os lados, ao fim de mais de meia hora, alguns autocarros e muito contacto físico conseguimos entrar num bus e, enlatados, chegar ao nosso destino.

Foto tirada a partir de Stromgatan

Durante o resto do dia andámos a passear pela linda cidade de Estocolmo, onde os edifícios históricos se misturam com arquitectura moderna.

Estão cerca de -2º mas o frio é suportável e o céu está limpo, até temos apanhado algum sol. Os nossos senhorios são muito simpáticos e estamos a ser muito bem recebidos. A nossa casinha é uma casa no Jardim da casa principal e é muito prática e quente, já demos cabo de dois fusíveis e ficámos sem luz, mas foi um problema que rapidamente se resolveu, não sabíamos que o forno e o fogão não podiam estar ligados ao mesmo tempo.

Para acabarmos com toda a burocracia e resolver todos os assuntos pendentes dirigimo-nos até à embaixada para nos inscrevermos e dar a conhecer o nosso período de estadia no país, não fomos muito bem recebidos devido ao facto de não termos marcado uma hora com a senhora que tem uma vida muito atarefada. No entanto uma espécie de assessora/secretaria foi muito simpática e ajudou-nos a tratar de tudo. O episódio tornou-se engraçado quando a Márcia me disse que tinha vergonha de entregar a sua foto (tipo passe) para concretizar a inscrição, isto porque nas fotos que a márcia trazia consigo tinha um top com uma abertura que deixava o seu colo a descoberto. Mesmo assim e de forma muito tímida a Márcia lá entregou a fotografia, assim que a rapariga olhou para a foto teve de prender uma gargalhada, eu e a Márcia não aguentámos e começamos os dois a rir, a rapariga foi mostrar a foto à sua superior que de imediato soltou uma gargalhada de braços no ar, muito delicadamente a rapariga pegou numa tesoura e cortou um pouco ao decote da Márcia de modo a ficar mais composta.

P.S. O medo da Márcia não era a foto em si mas sim o facto de essa ser a foto que apareceria nos jornais portugueses caso houvesse algum desastre em Estocolmo. Ela imaginou logo o seu colo estampado no Correio da manhã.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

From Stockholm - I

Olá a todos, como sabem, a minha aventura e da Márcia em Estocolmo já começou, só para se enquadrarem um pouco é importante saber que Estocolmo é a Capital da Suécia e local da residência oficial do monarca sueco. Estocolmo tem uma população de 807 311 habitantes, a área urbana tem 1,3 milhões, e a área metropolitana cerca de 2 milhões. Estocolmo tem sido o centro cultural, político e económico da Suécia desde o Século XIII. A sua moeda é a Coroa Sueca e actualmente 1€ corresponde a 8,903 coroas suecas. A sua localização estratégica sobre 14 ilhas no centro-sul da costa leste da Suécia, no Lago Malaren, tem sido historicamente importante. Uma vez que a cidade é construída sobre ilhas e conhecida pela sua beleza tentou popularizar o apelido de "Veneza do Norte".

Partimos de Lisboa dia 29 de Janeiro e voámos directamente para a Capital Escandinava, dai começámos a nossa jornada para chegar ao local do nosso alojamento ÄLVSJÖ. Percorremos uma distância de cerca de 51 km entre autocarros, trens e buses. Por volta das 6 da tarde lá chegámos a casa, estamos situados num bairro de muito boas aparências onde predominam casas gigantes, bonitas, com jardins e neve por todo o lado, ficámos mesmo encantados com o cenário que rodeia o nosso bairro.