sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

From Stockholm - II


30 de Janeiro de 2012

No nosso primeiro dia por terras do norte decidimos encontrar os hospitais onde ambos iremos trabalhar, é de notar que a Márcia tinha um encontro marcado com a sua coordenadora e eu ia por curiosidade e para fazer companhia.

Todos sabemos que os nórdicos têm fama de ser um povo muito civilizado e com uma rede de transportes muito boa e fiável, nós também pensávamos assim até esta manha termos ido apanhar o trem para o Hospital onde a márcia vai trabalhar.

Quando chegámos à estação reparámos que havia um ligeiro atraso em todos os trens, mas como todas as pessoas continuavam ali e não diziam nada nós ali ficámos. Passados uns minutos começámos a desconfiar que aquilo que a senhora do microfone dizia para os terminais não deveria de ser boa noticia, pouco a pouco as pessoas começavam a sair da estação. Cheios de dúvidas começámos a tentar pedir algumas informações. Podem não acreditar, nós sabemos que as probabilidades são muito pequenas, mas encontrámos um dos poucos Suecos que sabe falar Português, um senhor muito simpático que tinha vivido alguns anos no Brasil e que ainda tinha a nossa língua muito presente, com a sua ajuda soubemos que tinha havido um acidente e que nenhum trem iria passar pela estação nos próximos tempos.

A solução para chegarmos ao Hospital era um bus que nos deixava na mesma paragem a que o trem nos ia levar, como devem estar à espera a paragem estava completamente cheia, todas as pessoas que tinham perdido o transporte estavam a procurar alternativas, aqui é que começa a batalha, os suecos perderam todo o seu porte amistoso e viraram cavalos de guerra, sempre que aparecia um bus as tropas empurravam, puxavam e apertavam por todos os lados, ao fim de mais de meia hora, alguns autocarros e muito contacto físico conseguimos entrar num bus e, enlatados, chegar ao nosso destino.

Foto tirada a partir de Stromgatan

Durante o resto do dia andámos a passear pela linda cidade de Estocolmo, onde os edifícios históricos se misturam com arquitectura moderna.

Estão cerca de -2º mas o frio é suportável e o céu está limpo, até temos apanhado algum sol. Os nossos senhorios são muito simpáticos e estamos a ser muito bem recebidos. A nossa casinha é uma casa no Jardim da casa principal e é muito prática e quente, já demos cabo de dois fusíveis e ficámos sem luz, mas foi um problema que rapidamente se resolveu, não sabíamos que o forno e o fogão não podiam estar ligados ao mesmo tempo.

Para acabarmos com toda a burocracia e resolver todos os assuntos pendentes dirigimo-nos até à embaixada para nos inscrevermos e dar a conhecer o nosso período de estadia no país, não fomos muito bem recebidos devido ao facto de não termos marcado uma hora com a senhora que tem uma vida muito atarefada. No entanto uma espécie de assessora/secretaria foi muito simpática e ajudou-nos a tratar de tudo. O episódio tornou-se engraçado quando a Márcia me disse que tinha vergonha de entregar a sua foto (tipo passe) para concretizar a inscrição, isto porque nas fotos que a márcia trazia consigo tinha um top com uma abertura que deixava o seu colo a descoberto. Mesmo assim e de forma muito tímida a Márcia lá entregou a fotografia, assim que a rapariga olhou para a foto teve de prender uma gargalhada, eu e a Márcia não aguentámos e começamos os dois a rir, a rapariga foi mostrar a foto à sua superior que de imediato soltou uma gargalhada de braços no ar, muito delicadamente a rapariga pegou numa tesoura e cortou um pouco ao decote da Márcia de modo a ficar mais composta.

P.S. O medo da Márcia não era a foto em si mas sim o facto de essa ser a foto que apareceria nos jornais portugueses caso houvesse algum desastre em Estocolmo. Ela imaginou logo o seu colo estampado no Correio da manhã.

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